segunda-feira, 16 de maio de 2011

nua

ah meu bem,quando você dança, balança, (des)cansa, seu corpo nos meus seios. arranha, seu cabelo em desalinho no ombro torto, caído, pendendo da janela. não, a porta não tem a culpa de ser estreita e de vazar por entre a madeira o sussurro ininteligível que você teima em transbordar pelas tabelas.
(“eu você nós dois, já temos um passado meu amor um violão guardado, aquela flor e outras mumunhas mais”)
(silêncio)
ah , o silêncio, tão diferente daquele outro estado de ausência do som. O silêncio, a respiração, o latejar das unhas, das entranhas. O suor frio na planta do pé quente. A gota salgada que teima em escorrer.

(riso)
 (“mexe qualquer coisa dentro, doida já qualquer coisa doida dentro mexe não se avexe não baião de dois deixe de manha”)

ah meu bem, o riso. tão diferente do sorriso, empalhado no rosto do esteta pós-moderno. o fruir do pulso, do riso, do gozo.

 (partida)
o olhar distraído perdido em cima do sol. os dedos involuntários que percorrem não se sabe o quê. uma gota d’água que empresta-nos sua poesia durante fios de conversa, que delicadamente se equilibram no doce duelo entre o ciúme e a abnegação. o silêncio.

(“esse papo seu já tá de manhã. berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu erro quero que você ganhe que você me apanhe sou o seu bezerro gritando mamãe”).

Exaurida a chama do duelo, do cigarro, do café (que agora já esfriou) e por fim da escrita, “esse papo meu tá qualquer coisa e você tá pra lá de Teerã”.





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