sexta-feira, 13 de maio de 2011

estômago

faz um mês. andando na rua, correndo, fugindo, aperto no estômago, gosto amargo na boca. vômito. alívio imediato. oh céus! a maldita sujeira que o vômito deixou. dentes escovados, roupa de cama limpa, banho tomado. (o cheiro fétido permanece). tudo de novo. banho, dentes, roupa, cama, em outras ordens, seqüências. vazio, vazio, vazio. o pensamento difuso, sobressaltado, confuso, no meio da rua, da noite, do dia, de assalto sem aviso.  a ausência profunda do não ser, do amanhã, da noite na cama mal dormida, da noite não dormida. da foto com cara de velha, a despeito de ser assim tão (des)pretensiosamente nova (o tempo, ah o tempo, menino faceiro). a memória. a sim a culpa é dela, do cheiro, do gosto, do som (da ausência do som que nunca se iguala ao silêncio, só fica ali suspenso, esperando). nova ânsia, calafrios. um afago. ela. chega, senta no sofá e gentilmente me estende a caneca de café: ‘cheguei a tempo de te ver acordar, eu vim correndo à frente do sol, abri a porta e antes de entrar, revi a vida inteira (...) pensei no tempo e era tempo demais, você olhou sorrindo pra mim, me acenou um beijo de paz, virou minha cabeça.’ café turvo, cheiro de conhaque, só mais um delírio. só mais um fragmento de memória.

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