quinta-feira, 21 de julho de 2011

insone

pelos meus poros 
transbordam
gritos enrustidos e lágrimas negadas.
sonhos frustrados.
transmutados em sussurros, gemidos, pedidos, ais.

fique tranquilo a naúsea de ontem já passou.
(na presente data me limito a lhe destinar meu asco).

fique tranquilo pois, é sem alarde que vou me desintegrar. cansei de esconder por debaixo do lençol minha mágoa. opto tranquilamente por escarrá-la em seu muro e pichá-la no seu carro.

terça-feira, 12 de julho de 2011

racionalização sentimental ( #um )




calma vai devagar. não se esqueça que sou ar. sou o vento calmo que sopra na sua nuca. sou a ventania intempestiva que teima em lhe arrastar.


me leve pra ver outros ares. o ar da minha casa me parece o mesmo há tempos. está fétido de outros amores. 

não me toque. devagar. deixe que eu lhe percorra. água maldita que teima em arrastar. não gosto disso (tá, eu confesso que me deixo arrastar. vá devagar, não me assuste). eu prefiro a terra. sempre lá a espera, a espreita. sempre pronta a receber o semear. vento afoito, dilúvio, incêndios, excessos. a paz que nos espera no fim, a terra nosso leito de morte, renovação.

[vi uma terra linda ser ocupada. não foi sem resistência, mas ah! ela foi belamente ocupada. menina travessa com bolhas na cabeça rompeu cercas e mesmo sem raízes, inundou de águas vivas e cavalos marinhos as terras alheias. água e terra são boas juntas, são lindas. principalmente se onde se habita é o fundo do mar. minha amiga linda hoje mora no fundo do mar].

eu, no entanto não obtive sucesso. soprei devagar, não solapei a terra, não revirei suas camadas. mas ah! a maldita ventania. terra em desalinho não é bom lugar para se plantar. redemoinho de sensações. tempestades (sim, água dos meus dedos, sangue dos meus olhos correram fios e fios da linha da minha estória).

aos poucos, lentamente, recolho minha brisa.
[nosso sexo bom vai ficar pra outra hora né? (começo agora a perder a linha do que eu tinha pra dizer. prometo não acabar esse texto na lama. nada pior do que água e terra numa mistura doentia. já ia me esquecendo sou ar. não acabarei lama)].

e eu dizia: não me arraste. deixe-se levar. fique quieto. não fale, deixe eu falar. e depois fale até me cansar. e depois silêncio. eu preciso pensar. eu não consigo deixar de pensar. eu não me deixo levar por essa sensação insana que a sua pele pregada na minha me faz sentir. não é que eu não sinto. eu derreto em cada poro. escorro em cada verso cadente dos teus quadris. mas a cabeça não para.

um conselho? ocupe meus pensamentos. não se esqueça, ar não se prende, não se estanca. 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

cru

escorrem na tela as sensações. queria que você escorresse em mim. na minha pele, no meu ventre, por entranhas e poros. preencha cada espaço. nada deixe vago.
ocupe. tome posse (não aquela posse mesquinha dos burgueses, que possuem e não cultivam).
construa sua casa, sua morada. pilhe meus sentimentos. pilhe meus nervos. pilhe meu tesão.
faça um café. adoro iniciativa. me domine. tome conta da casa do coração. seja maduro e perspicaz. fique horas em silêncio. eu adoro falar.

(me deixe muda por horas a fio)

não seja senso comum. fuja das margens do meu texto. faço o imprevisto.
não faça nada do que digo.
corra riscos.
enfrente os dogmas.
burle as regras e pule o muro.
desvire do avesso, só pra virar do avesso de novo.

não seja tão clichê. Seja brega. Eu sou brega.

[ei menino, sabia que o amor não é uma equação?
ele não cabe nas suas regras pré estabelecidas.
ele não cabe na sua norma. não o meu amor. ele é desconexo.
um mais um podem ser além de dois. um mais um podem ser dois.

podem ser quantos você quiser.
quantos cabem dentro de nós?

me desculpe, ainda não achei a resposta. mas não será ao seu lado que eu vou descobrir, afinal você não vai além da média (ou seria da mediana? matei a aula de estatística deslizando em teu corpo numa tarde infame)]

nada disso parece importar mais. achei o caminho de volta pra minha casa. e ela continua linda de se morar.

procuram-se inquilinos. não se cobra aluguel. há regras. você pode desconstruí-las. sinta-se em casa.